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Esperançar a vacina

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Na fase inicial da Covid- 19, muitos tiveram a esperança de que teríamos momentos de reflexão e voltaríamos melhores após a pandemia. Entretanto, sinais iniciais já demonstravam que as expectativas não seriam alcançadas, pelo menos, não no nosso "patropi". A alternância de ministros da Saúde não bastou para que a situação fosse gerenciada de uma maneira séria e lúcida por quem, hierarquicamente, deveria dar o exemplo. Durante todo o ano de 2020, à medida que o número de mortes e de infectados aumentava em todo o país, os aforismos, achismos e a verborragia-nossa-de-cada-dia seguiam o mesmo ritmo. Quem não concorda ou rouba minimamente o espetáculo é defenestrado ou desiste do cargo. Tanto a falta de informação como a de liderança dita o ritmo, em uma dança macabra. Da "histeria" inicial, até os recentes xingamentos para a imprensa não comprada, passando pelo "e daí?" e pela definição da maior pandemia do século como uma "gripezinha", entre outras pérolas, estiveram presentes em nosso cotidiano. Contrariar as orientações da OMS, estimular aglomerações, além de debochar da Ciência e, por tabela, minimizar a árdua batalha que os profissionais da saúde protagonizam diariamente no cuidado de vidas, foi uma constante. Portanto, realmente não poderíamos esperar comportamentos responsáveis de uma população, quando os péssimos exemplos multiplicam-se.

O início de 2021 continua com crescimento de contaminações e mortes. Passamos de 200 mil vidas ceifadas pela infecção do coronavirus, somente no Brasil. Quantas famílias pranteiam seus entes queridos sem poder se despedir de uma maneira digna? As notícias diárias são angustiantes, mas a expectativa por uma vacina já se vislumbra ao longe. Resta esperar o plano emergencial de imunização, mas sem ficarmos ansiosos, afinal, a hora H estará próxima, é só aguardar o dia D. Parece piada, mas não é. Parafraseando o Marcelo Adnet, no mês M, do ano A, no local L, a partir da idade I e gênero G a pessoa receberá a vacina. Em resumo, estamos no momento de M. Aliás, viramos motivo de chacota a nível internacional. Justo nós, que até pouco tempo atrás, fomos modelo em políticas sanitárias, nos apequenamos, regredimos.

 Peço a cada um de vocês, um pouquinho mais de paciência. O sorriso, por enquanto, deve ficar por trás das máscaras e através do olhar. Esse mesmo olhar que deve entender o que é empatia. Para as 400 pessoas que estavam em uma festa clandestina no final de semana passada, pergunto: como você lidará com a possibilidade de poder contaminar quem ama? Lembre-se, nem que seja por um momento, daqueles profissionais que trabalham na linha de frente de hospitais e clínicas. Faça a sua parte, mantenha o distanciamento social, respeite a Ciência e o caminho que ela nos apresenta.

Santa Maria, através da UFSM, é uma das sedes brasileiras de pesquisa da Universidade de Oxford, em parceria com a AstraZeneca, para a vacina contra o coronavírus. A equipe é formada por 40 pessoas e é liderada pelo professor-doutor e pesquisador Alexandre Vargas Schwarzbold. Participar do estudo da vacina é um privilégio e motivo de orgulho. Agradeço a cada um dos envolvidos que abnegaram momentos individuais para o bem comum. Que cada voluntário compreenda seu papel durante todo o período da pesquisa e valorize o compromisso firmado. Fica o meu agradecimento público para os pesquisadores locais, para meus companheiros de voluntariado e para aqueles que respeitam e seguem o isolamento social. É a esperança com o significado de esperançar trabalhando por todos. *Agradeço as profícuas colaborações da arquiteta, mestre em Saúde Materno Infantil, Fabíola Pardini, no texto de hoje.


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